Sagrada Família
Ficar em uma cidade como Barcelona por vários dias tem várias vantagens, uma delas é poder planejar o momento ideal para visitar um dos pontos mais importantes de todos. Pois bem, hoje é o dia de ver a tão esperada obra prima de Gaudí, a Sagrada Família.
Sagrada Família
Melhor ainda que posso ir a pé, são apenas uns 25 minutos da casa em que estou. Assim por ir aos poucos entrando no clima. Olha só já dá para ver bem lá no canto da foto as torres da igreja.
Quanto mais ando, maior a visão das torres. E o batimento do coração!
Se não bastasse, ainda passo do lado da Torre Agbar, um dos lugares que gostei demais!
O bom de andar devagar e olhando para todos os lados são as surpresas. Acabei chegando perto de um local muito bonito.
O Trip Advisor ajuda a descobrir…
…é a Plaza de Toros Monumental de Barcelona. Sei que o local é de triste lembrança, felizmente confiro na internet a última tourada, foi em 2011. Melhor assim, agora dá mais gosto ainda fotografar o imponente prédio.
Cheguei na Sagrada Família. Não quero ser piegas, mas confesso que estou com lágrimas nos olhos.
Melhor enxugar o rosto discretamente e posar para a selfie.
O templo é colossal, ocupa um quarteirão inteiro e é visível em vários pontos de Barcelona. Obra prima que mostra toda a criatividade e inovação de Gaudí, sua construção sustentada com doação de fiéis e dinheiro dos ingressos deve terminar por volta de 2030.
Declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 2005, tem atualmente duas fachadas prontas, Naixement (Natividade) e Passió (Paixão). De fato, apenas a fachada do Naixement e a cripta, as que foram construídas realmente por Gaudí, receberam o título da UNESCO.
Estou agora em frente à Fachada da Natividade.
Estou na frente e não consigo parar de olhar. E fotografar emocionado!
Bom, melhor tentar ter um norte. Há uma descrição aqui que vai ajudar.
A descrição ajuda demais. Há um torre de 172,5 m de altura dedicada a Jesus Cristo, uma torre para a Virgem Maria, quatro torres de 135 m para cada um dos evangelistas e 12 campanários que representam os apóstolos, quatro em cada fachada.
A multidão, e eu, não paramos de olhar para cima e para frente, sem saber o que admirar mais.
Por falar em fachada, há apenas duas prontas, estou em uma delas, a Fachada da Natividade. Preciso ficar bem longe para conseguir contemplar a fachada por completo.
Com formas orgânicas, pouco comuns nas fachadas de outros templos, inclui também elementos inesperados, como folhas, animais e frutas, surpreendentes e inovadores. Nas laterais da porta central, há tartarugas na base das colunas.
Antes de sua morte, informa o Passaporte BCN, Gaudí finalizou esta fachada por completo. Como as obras de construção sempre dependeram das doações, o avanço é muito lento. Gaudí sabia que não veria o templo finalizado e quis deixar, pelo menos, uma fachada terminada, que serviria como um guia para o resto do templo.
A fachada tem três portas:
- Porta de la Caritat no meio, com cenas no nascimento de Jesus. No alto da coluna aparece a estrela do Natal, a Anunciação e a coroação da Virgem em um nível superior.
- Porta de l’Esperança à esquerda dedicada a São José, com imagens também da matança dos santos inocentes e a fuga para Egito.
- Porta de la Fe à direita com o jovem São José trabalhando, a visita de Maria a Isabel e a apresentação de Jesus ao templo. A mão com o olho no meio representa a Divina Providência, o Deus que tudo vê.
Com todas as orientações e textos que leio, confesso que ainda estou meio perdido. Pudera, a riqueza de detalhes é enorme.
Vou tentar identificar algumas cenas aqui…
… ou aqui.
Ah, vou parar de focar cenas específicas e olhar tudo agora sem compromisso, apenas passeando pela fachada.
Não consigo imaginar como pessoas foram trabalhando aqui até conseguir construir tudo isso, em nível tão detalhado assim.
O irônico é que ainda nem entrei na Basílica, o que vou fazer agora. Claro, antes preciso apreciar detalhadamente a porta.
Se Sagrada Família surpreende e impressiona do lado de fora, imagine então em seu interior.
No grande espaço central, Gaudí mais uma vez se inspirou na natureza combinando – forma totalmente harmônica – o estético e o funcional. As colunas de apoio ao templo são como troncos de árvores, deixando passar raios de sol tal como em uma floresta.
Os coloridos vitrais falam por si só. O principal deles representa a ressurreição, os laterais simbolizam santos e santuários.
Sei que a Basílica é enorme e uma monumental obra de arquitetura, mas sempre há espaço para as coisas comuns de uma igreja.
Não me canso de admirar o domínio sobre cores e luzes existente aqui dentro.
Vi lá fora as torres da Sagrada Família, agora estou vendo aqui dentro.
Gaudí realizou complexos estudos de acústica quando desenhava as torres, elas servirão de campanário. Há um elevador para subir até o topo e uma escada, equivalente a um prédio de 20 andares, para a descida.
Ao comprar meu ingresso pela internet, não percebi que havia a modalidade que inclui a subida e outra não. Comprei sem torre, até tentei agora trocar o ingresso, mas não é permitido. Bem, vou então me consolar continuando a visita só … no térreo da Sagrada Família.
E que belo consolo!
Os vitrais, em total sintonia com os raios de sol, são simplesmente irresistíveis!
A nave central atrai fortemente a atenção.
Os pilares centrais fazem lembram os evangelistas.
Claro que haveria um grande órgão.
Mais vitrais, sempre pedindo fotos.
Olhando com mais atenção, vejo que há inscrições com nomes de santos e santuários do mundo.
Uma placa informativa aqui em minha frente chama a atenção para o conjunto pilares e arcos, projetados por Gaudí de forma a sustentar grandes pesos, permitir ampla passagem de luz e proporcionar um excelente distribuição do som! Uau!
Merece ou não merece um registro especial?
Olhando para cima…
No início deste texto falei sobre uma das fachadas da Sagrada Família já prontas – são apenas duas por enquanto – a Fachada da Natividade. Uma das fachadas ainda em construção é a Fachada da Glória, será a fachada principal do templo.
Para entender um pouco melhor as fachadas, há um esquema por aqui.
É na futura Fachada da Glória o ponto em que me encontro agora.
Aqui está uma reprodução da porta que estará nesta fachada, que explicará a história da humanidade e os caminhos para alcançar a felicidade.
Na porta também está escrito o “Pai Nosso” em catalão rodeado por palavras em cinquenta idiomas representando a irmandade entre os povos.
Por mais que eu ande, nunca termina o espetáculo de cores e luzes.
Pronto, agora encontrei um texto explicando com mais detalhes os significados dos vitrais nas entradas das duas fachadas já prontas.
Após esta explicação, dá para entender melhor as inscrições.
De fato, talvez nem fosse necessário entender, só … apreciar é suficiente!
Bom, foi um passeio e tanto aqui dentro. Mais uma foto…
…e outra…
…antes de sair pelo outro lado, a Fachada da Paixão.
Antes de chegar na rua e contemplar a fachada propriamente dita, ao lado está uma das duas sacristias do templo. Elas são conectados pelo amplo claustro e têm formas semelhantes ao templo principal.
Gaudí não se limitou ao desenho do templo em si, seu trabalho chegou até os móveis, alguns reproduzidos
Está na hora de sair.
Uma última foto do interior.
Aqui na Fachada da Paixão há portas em bronze com textos evangélicos referentes às esculturas mostradas na fachada…
… e também textos com cenas da oração noturna de Jesus no Monte do Getsémani.
A Fachada da Paixão é completamente diferente daquela que vi do outro lado, a Fachada da Natividade.
A proposta aqui é narrar a paixão, morte, ressurreição e ascensão de Jesus.
Nesta cena da crucificação, aparece até o véu rasgado do templo de Jerusalém.
As quatro torres deste lado representam os apóstolos Felipe, Thiago, Bartholomeu e Tomé.
Felizmente há um texto aqui com explicação mais detalhada, vou repassar um pouco do que está escrito.
Por exemplo, a cena da foto a seguir mostra o beijo de Judas. No canto inferior direito, junto ao apóstolo, uma serpente, animal biblicamente associado à tentação e ao mal.
Há também um bloco ao lado com 16 algarismos, é possível formar 310 combinações com eles e todas somam 33, a idade de Cristo ao morrer. Fiquei fascinado com isso!
A próxima foto mostra a flagelação.
Jesus está atado a uma coluna dividida em quatro partes, simbolizando os quatro braços da cruz e o desmoronamento do mundo antigo. Os três degraus representam os dias da paixão e morte.
Esta outra cena a seguir, parte superior da foto, mostra José de Arimateia sustentando o corpo de Jesus. Aparece também Nicodemos ungindo Jesus com mirra e aloés. Mas o interessante é o rosto do Nicodemos, li em um texto que parece muito com Josep María Subirachs, o escultor encarregado de criar as esculturas.
A escultura na parte inferior desta foto que acabei de mostrar aparecem a Mãe de Jesus, Maria de Magdala e Maria, mãe de Tiago e José (três Marias), juntamente com Simão de Cirene, que levou a cruz de Jesus no caminho para a morte quando ele sucumbiu ao esforço.
A próxima cena que mostro aqui é conhecida como Ecce Homo, ou Eis o Homem.
A cena representa o governador Pilatos apresentando Jesus aos sumos sacerdotes e seus servidores, depois de o ter mandado flagelar. Na cabeça de Jesus, uma coroa de espinhos imposta pelos soldados; no lado direito, uma águia – símbolo do Império Romano; em cima a coluna que inclui o nome de Tibério, imperador de Roma quando da morte de Jesus.
Para terminar dois ângulos diferentes de um soldado…
… e por fim uma escultura com Pedro negando conhecer Jesus.
Ah, nesta escultura acima aparece também o galo que cantou na terceira negação de Pedro. O nível de detalhe é impressionante, não é?
Vou agora para o claustro, também um grande espaço no templo. Uma escada ao lado da Fachada da Paixão facilita o acesso.
Nesta fase de construção do templo, o claustro – tão grande como a igreja – também é usado como um grande espaço de exposições.
Nesta maquete, por exemplo, é possível ver a predileção de Gaudí pelas curvas.
Diferentemente do claustro de outras igrejas, que normalmente fica na lateral da igreja, o da Sagrada Família conecta o templo todo. Tanto é assim que começo a visita por uma das fachadas …
… e termino do outro lado.
E assim termino meu passeio no interior. Mas, claro, só vou sossegar se contornar o templo mais uma vez pelo lado de fora. Primeiro bem perto…
… e depois a uma distância maior.
O bom é que estou novamente em frente à Fachada da Natividade, a primeira que vi. Depois de tanta coisa, parece que já faz muito tempo que estive aqui (rs), melhor dar mais uma olhada.
Espero não estar cansando quem está lendo este post, mas é irresistível. Cada ponto é mais bonito do que o outro. Vou fotografar mais um pouco.
No alto da Fachada da Natividade, o pináculo apresenta um cipreste que coroa os três pórticos.
O cipreste representa a vida imortal, por isso está presente em cemitérios. Nestas imagens aqui, pombas brancas – almas puras – penduram-se no galho da árvore.
Cada ângulo traz detalhes que antes eu não havia reparado, como estas palavras Sanctus da foto anterior e da próxima.
Aqui já estou em uma praça mais distante, mas a igreja é onipresente, parece que está exatamente ao lado.
Preciso chegar perto novamente!
E agora vou contornar a fachada.
Pronto, estou em frente à Fachada da Glória, aquela que ainda não está pronta, mas que vi uma porta lá dentro com o Pai Nosso em catalão. Agora a visão é externa.
Muito bonito. Já comentei antes no post, reforço que esta será a porta principal quando o templo estiver pronto.
Para minha alegria, espero que alegria também de quem lê este post, tenho nova chance de rever a Fachada da Paixão, agora um pouco mais distante.
É simplesmente lindo!
Sei que já fotografei esta fachada, mas agora o ângulo é outro. Ou, pelo menos, minha experiência é outra!
Mesmo olhando para os lados, não exatamente no centro da fachada, a riqueza de detalhes é muito grande.
Bom, já que minha intenção é variar, vou me afastar bastante. Nada como a distância para ver as coisas sob outra perspectiva.
Nossa, de arrepiar!
Pronto, acho que exagerei nas fotos.
Não, espere um pouco, este ângulo merece mais duas de despedida.
Avinguda Gaudí
Agora sim, vamos passear na região. Afinal, o local aqui não tem só Sagrada Família. Um exemplo? A Avinguda Gaudí, bem ao lado do templo.
Que avenida acolhedora.
Sim, há uma área central bem arborizada com vários bancos, local perfeito para o merecido descanso depois da intensa visita à Sagrada Família. E ver a igreja daqui é um privilégio!
Vejo uma dica no Passaporte BCN, apreciar as seis belas luminárias modernistas do artista Pere Falqués.
Feitas em 1909, e que foram instaladas na avenida em 1985.
O Passaporte BCN continua fazendo sugestões, agora minha atenção está voltada para uma escultura em bronze do artista catalão Apel·les Fenosa, o nome é El Bon Temps perseguint la Tempesta em catalão, O bom tempo perseguindo a tempestade.
Vou chegar mais perto para ver.
Inaugurada em 1985, a obra representa a luta entre os valores positivos, representados pelo bom tempo, e os valores negativos, personificados pela tempestade.
Hospital de Sant Pau
Esta região é um sem fim de alegrias. No final da Avinguda Gaudí aparece o monumental e grandioso Hospital de la Santa Creu i Sant Pau, mais conhecido como Hospital de Sant Pau.
Confesso que por esta eu não esperava, o lugar é enorme!
Leio no Passaporte BCN que o hospital é uma autêntica cidade modernista, com ruas, prédios e jardins. O arquiteto modernista Lluís Domènech i Montaner esteve a frente da direção da obra, junto com seu filho Pere Domènech i Roura e vários outros destacados artistas modernistas.
O hospital, que ocupa um quarteirão gigantesco, reabriu as portas em fevereiro de 2014 após cinco anos de reforma. A fachada principal está no encontro da Carrer de Cartagena e Carrer de Sant Antoni Maria Clare.
Que lugar! E olha que nem entrei ainda, tanto que arrisco mais um olho para a Sagrada Família bem lá no fundo…
… e agora sim a visita realmente começa.
Além dos prédios muito bonitos, o lugar é de uma tranquilidade absoluta.
Li em algum lugar que estes prédios mais históricos não funcionam mais como um hospital, há edifícios mais novos aqui em que estão os médicos e seus pacientes.
Embora exista um passeio oficial para fazer aqui, com áudio guia e entrada cobrada (rs), é muita coisa para fazer no mesmo dia da visita à Sagrada Família. Então estou andando só em alguns locais do Hospital de Sant Pau.
Mesmo assim, preciso entrar em algum destes prédios.
Monumental! Grandioso!
Gostei demais!
Vou andar agora pela região, gosto sempre de aproveitar o passeio. Assim, além de rever o hospital de uma ângulo diferente…
… ainda vejo os prédios diferentes por aqui.
Dá para acreditar que este aqui…
…é uma escola?
Prédios assim mostram exatamente a riqueza desta região de Barcelona em que estou.
Bem, mas agora vou voltar à … Sagrada Família. Pois é, não consegui visitar a cripta, ela só estaria aberta depois das 18h. Eu até fotografei o horário para não esquecer.
Passear por aqui foi o tempo certo para esperar a hora de abertura. Vou voltar então!
Aproveito para contornar o Hospital de Sant Pau, é mais uma chance de apreciá-lo sob novos pontos de vista.
Ver algo de outro ângulo pode trazer ainda mais surpresas boas.
Mais uma foto na frente do hospital…
… e vamos em direção à cripta da Sagrada Familia.
Cripta da Sagrada Família
Pronto, cheguei. E falando em ver uma mesma coisa sob outro ângulo, em todo o tempo que fiquei visitando o templo hoje, ainda não havia percebido as cobras, lagartos, salamandras, dragões e sapos espalhados pelos pilares prismáticos laterais das capelas
Após contornar a fachada de bichos (rs), já estou bem na frente da entrada para a cripta.
Aqui aconteceu algo bem interessante. O funcionário responsável por revistar os turistas falou alguma coisa e eu respondi em espanhol. Nossa, ele ficou muito contente! Disse que não aguentava mais ter que falar em inglês e que era muito bom poder falar a língua materna.
Que bom!
Feliz com esta recepção, vou entrar!
Tal como eu esperava, a cripta faz total justiça ao tempo aqui em cima. A sensação de espaço é enorme, tudo recorda o que havia visto no templo.
Mesmo sendo uma cripta, os vitrais estão presentes.
Sempre há espaço para uma maquete.
Vamos apreciar um pouco mais a beleza e grandeza do local como um todo.
Esta obra no teto particularmente me agradou demais! É uma alusão à anunciação!
Uma justiça, é aqui que foi enterrado Gaudí.
Não vou me furtar às últimas fotos da Sagrada Família.
Pronto! Que dia intenso!
Ah, só para descontrair, uma curiosidade. Nos supermercados de Barcelona, pede-se que os clientes usem uma luva plástica descartável para escolher frutas. Muito higiênico e sensato.
Esta mão na luva aí é a minha! 🙂
Oi Nando, depois de 3 dias terminei de ver as fotos do dia 12. O que falar, o que falar… pelo geito não vi nada. Imagino a sua emoção ao ver tudo detelhadamente. É sensacional. Como pode um homem, um ser humano ter criado tudo o que você viu e fotografou? Também posso me dar por feliz pois estive lá tambem mas não vi toda riqueza de detalhes que você mostrou, obrigada, voltarei a ver outras vezes.
Tia Elisa, pensei muito no que a senhora falou a respeito da mão do homem ter feito tudo isso na Sagrada Família. É extremamente admirável.
Fiquei impressionado também ao saber que a senhora demorou três dias para ver as fotos, gostei bastante. Dá gosto ter uma leitora como a senhora. Em breve colocarei as fotos dos demais dias.