Mosteiro de Montserrat encrustado nas montanhas
Parque de Joan Miró
O passeio hoje será bem diferente, farei um bate-volta até Montserrat. Pelo que li, acredito que gostarei bastante.
Já comprei passagem na estação Plaça d’Espanya, estou aguardando a hora de embarcar e enquanto isso visito o Parque de Joan Miró.
Esta é a escultura Mulher e Pássaro ou Dona i Ocell em catalão.
Última obra de grandes proporções de Miró, foi inaugurada em 1983 sem o autor, que já estava com 90 anos de idade e com saúde debilitada. Mulher e Pássaro, informa a Wikipedia, foi uma das primeiras expressões de arte pública em Barcelona na era democrática. Tem 22 metros de altura e representa uma forma feminina com um chapéu e por cima um pássaro.
Vamos ver o parque.
Muito bonito. E pensar que aqui antes ficava o matadouro de Barcelona…
Viagem a Montserrat
É chegada a hora da partida, vamos embora!
Gosto de conferir o trajeto no Google Maps.
Muito confortável uma viagem de trem, dá para prestar atenção em muita coisa ao longo do caminho.
Puxa, olha só as montanhas. Que sensação, é para lá que estou indo!
Montserrat é um grande maciço rochoso, fica a 50 quilômetros de Barcelona. Nele está o Monastério de Montserrat (Monestir de Montserrat em catalão) e o Parc Natural de la Muntanya de Montserrat.
Montserrat, informa o Passaporte BCN, é um ponto de referência muito importante na cultura da Catalunha e é chamada da muntanya sagrada, a montanha sagrada. É um lugar reverenciado e com significado especial para a Catalunha e para muitos catalães
A viagem à Montserrat está dividida em duas partes:
- De Barcelona até a cidadezinha de Monistrol de Montserrat: trem, este trecho dura perto de 1 hora;
- De Monistrol até o Mosteiro: viagem pode ser feita em um trem cremalheira ou em um teleférico.
Quem escolhe o teleférico fica em uma estação de trem intermediária, bem o local em que estou agora.
Li que a viagem no trem cremalheira é imperdível, então nem cogito o teleférico. Vamos em frente!
Pronto, já cheguei e estou no trem cremalheira subindo o morro. Olha ele aí verde na curva.
As cenas são de tirar o fôlego.
E vamos subindo cada vez mais …
Basílica de Montserrat
Cheguei no Monastério!
Embora eu esteja até meio perdido aqui dentre tantas coisas para ver, lembro de um texto que li no Passaporte BCN, era sobre as apresentações da Escolania de Montserrat. É um dos coros mais antigos da Europa, desde o século XIV, formado só por vozes de meninos.
Bem, o texto que li falava que nos dias de grande afluência de visitantes a Montserrat, podia ser muito difícil conseguir entrar na Basílica para ouvir a Escolania, era bom chegar cedo. Então, cheguei e vim correndo para cá, já que falta mais ou menos uns 40 minutos para a a apresentação.
Enquanto não começa o coro, aproveito para apreciar a igreja.
Atrás do altar, no alto, encontra-se a imagem da Virgem de Montserrat, uma belíssima peça talhada no século XII. Segundo o Passaporte BCN, pela cor escura da sua pele é conhecida como La Moreneta. Junto com a Virgem de Núria, a Virgem de Montserrat é a santa de maior importância simbólica para os catalães.
A Basílica como um todo é de uma beleza ímpar. A riqueza de detalhes está em todos os pontos, das paredes laterais …
… até os lustres.
Estou muito feliz por estar aqui!
Aliás, estão aqui comigo muitas e muitas pessoas.
Ainda bem que vi a dica no Passaporte BCN e cheguei cedo.
Vou continuar olhando a igreja. Mais uma vez o altar, agora incluindo a cúpula imensamente bonita.
Olha a riqueza dos entalhes e imagens.
A cerimônia começa, uma pessoa está na frente saudando todos que estamos aqui prontos para ouvir – em espanhol, em francês, em inglês e até em alemão. Arre!
Os meninos entram para entoar seus cantos. Que momento mágico!
É de arrepiar.
Gravei alguns vídeos, aqui estão os links:
Depois desta apresentação magnífica, só mesmo vendo a Basílica com mais calma.
Gosto muito de vitrais, ainda mais estes ricamente detalhados.
Também fico impressionado com os órgãos.
Este aqui, segundo o site da Abadia Montserrat, tem 2.242 tubos, 63 registros, 12,5 m de altura e pesa mais de 12.000 kg. Para sua construção, totalmente artesanal, foram necessárias 22.000 horas de trabalho.
Também chama muito minha atenção os tetos, verdadeiras obras de engenharia.
A construção destes arcos requer uma inteligência estrutural que não é para qualquer um.
Vamos andando…
Vista a parte interna, vamos passear um pouco lá fora.
Não entendi esta inscrição da foto abaixo…
… por isso pesquisei e vi que é um trecho do Virolai de Montserrat, um canção de louvor à Virgem de Montserrat.
Doneu consol a qui la pàtria enyora,
sens veure mai els cims de Montserrat;
en terra i mar oïu a qui us implora,
torneu a Déu els cors que l’han deixat.
Mística Font de l’aigua de la vida,
rageu del Cel al cor de mon país;
dons i virtuts deixeu-li per florida;
feu-ne, si us plau, el vostre paradís.
Na sequência o Cami de l’Avemaria, um caminho que leva à Praça de Montserrat cheio de velas.
Cada vela que aqui queima noite e dia simboliza a devoção das pessoas e famílias que aqui estiveram.
Uma imagem diferente aparece em minha frente.
A inscrição ao pé, em catalão que dificulta meu entendimento (rs), fala no anjo do senhor anunciando a Maria e concebendo a obra do Espírito Santo.
O grande páteo externo é bonito e extremamente … acolhedor.
Impossível resistir a uma selfie de um lado…
… de de outro.
É muita coisa para ver aqui, tudo vale ficar só mais um pouquinho…
Ficar um pouquinho ou um poucão, vejam a fila para ver a Virgem de Montserrat.
O tempo é curto, tenho vários outros locais para conhecer, não vou entrar na fila. Ver o outro lado externo da Basílica, muito bonito e mais tranquilo.
Bem, relativamente mais tranquilo.
Já começo a pensar nas montanhas aqui ao lado, sei que há algumas trilhas próprias para turistas. Além do mais, mesmo aqui no páteo, impossível não ver estas tão onipresentes formações rochosas.
Não consigo descrever em palavras o que estou vendo, apenas digo que meu coração bate bem mais forte vendo tudo isso.
Não sei se fico mais um pouco por aqui …
… ou se vou descobrir como andar pelas trilhas. Vamos por partes, primeiro vou sair do páteo em frente à Basílica…
…curtindo com calma até mesmo a cremalheira…
…e tudo o mais por aqui.
Chega um ponto em que os prédios se misturam às rochas, tudo parece a mesma coisa.
Aos poucos, as montanhas vão tomando conta.
Andando por aqui, ansioso para fazer as trilhas, finalmente entendo como tudo funciona. Há dois funiculares que levam a pontos bem diferentes:
- Funicular de Sant Joan, construído em 1918 (pasmem!), leva os visitantes até a ermida (pequena capela) de São João;
- Funicular de la Santa Cova, este um pouco mais novo (!), feito em 1929, vai nos levar até a Santa Gruta, local em que – segundo a tradição – foi encontrada a imagem da Virgem de Montserrat.
Funicular de Sant Joan
Gosto de alturas, vou primeiro para o mais alto. O bom é que preciso andar um pouco mais até chegar à entrada do funicular, mais chances de novas paisagens aqui mesmo.
Pronto, este é o funicular pronto para subir.
A construção inicial é de 1918, hoje os trens estão bem atualizados. Olha só que bem feito, o teto é transparente e as janelas são enormes, assim podemos aproveitar toda a subida. Puxa, mal posso esperar!
Adoro as soluções criativas, já havia visto uma assim na subida ao Morro Tibidabo: no meio do caminho uma pequena ilha permite que dois carros – o que sobe e o que desce – fiquem um ao lado do outro. Simples e muito eficaz!
Chegamos! Aproveito para conferir todo o trecho que subimos!
Fruto da engenharia de finais do século XIX e princípios do século XX, o Funicular de Sant Joan permite superar em sete minutos uma inclinação máxima de 65,5% até 1000 metros sobre o nível do mar.
Aqui no topo, informa o site Montserrat Visita, chamado de Pla de les Taràntules (nem quero saber o motivo … rs), pode-se desfrutar de vistas incomparáveis sobre o mosteiro, as comarcas em redor e os Pireneus.
Nossa, é tudo isso mesmo. Olha a Basílica lá embaixo.
E as montanhas – agora sei que são os Pirineus, graças ao site Montserrat Visita – ainda mais acima.
Há várias trilhas por aqui, todas classificadas entre suaves, médias e fortes para orientação dos turistas.
Esta com carro me pareceu simples demais, vou escolher uma um pouco mais longa, mas ainda apontada como tranquila.
Que beleza a vista daqui.
Este casal de americanos mais à frente…
…para na frente desta pedra…
… e diz que são cristais. Parece mesmo!
Vou parar de comentar, o melhor é mesmo curtir a deslumbrante paisagem!
De vez em quando há uma brecha para enxergar o pé da montanha…
E logo ali no morro deve ser a Ermida de Sant Joan.
Deve ser possível chegar mais perto. Vamos andando.
A pequena capela fica cada vez mais próxima.
Acho que estou chegando, olha aí no alto…
Alarme falso. É até sim uma pequena capela, mas a Ermita de Sant Onofre, está escrito ao lado.
Bom, então vamos continuar a caminhada.
Lá embaixo algumas pessoas passando pela Ermita de Sant Onofre…
Ah, agora a placa indica que estou no lugar certo.
É, achei muito semelhante à primeira pequena capela.
A trilha continua, vamos ver onde vai dar.
Puxa, agora estou começando a entender melhor a importância do local. Acredito que São João morava mesmo aqui nestas grutas.
A vista aqui é incrível.
Silêncio e paz imensos.
Os vestígios de ocupação da grutas estão aqui intactos.
Olha só uma das escadarias de acesso antes que estas trilhas para turistas fossem feitas.
Algumas pessoas até se aventuram a descer por elas…
…mas prefiro aproveitar meu tempo vendo o que mais há por aqui.
Puxa, até uma espécie de reservatório de água.
Acredito que a segurança para caminhar que vejo aqui …
… não existia na época. Bem, eu fico feliz com a situação agora, não corro risco de cair morro abaixo (rs).
Então, vamos andar.
Novos reservatórios.
Mais sinais de ocupação.
A vista deslumbrante.
Mais do que deslumbrante, até neve nos morros! Fantástico!
Tudo indica que a trilha leva a pontos ainda mais altos, consigo ver algumas pessoas bem no topo deste morro a minha frente…
…mas ainda quero ver a Santa Cova, um local radicalmente oposto ao que estou, já que é abaixo do nível da Basílica. Vou voltar.
Perto da estação do funicular de Sant Joan, que vou embarcar em seguida para voltar ao plano da Basílica, vejo um mapa esquemático indicando que eu teria chegado à Capela de Santa Magdalena.
Sem problemas, acho que foi uma boa decisão ver outro local completamente diferente. Vamos pegar novamente o funicular de Sant Joan para voltar.
Olha o outro funicular subindo…
Na chegada, uma placa com uma verdadeira aula sobre o funicular.
Inaugurado em 1918, última reforma em 1997, vence um desnível de 248 m com uma inclinação de 65,2%. Não sei se estes números passam a verdadeira dimensão, o que posso dizer é que a subida/descida é muito, muito forte.
Funicular de la Santa Cova
Bom, vamos agora ao outro extremo, uma descida até a Santa Cova em mais um passeio em funicular.
Este funicular, Santa Cova, une o mosteiro ao local onde, segundo a lenda, foi encontrada a imagem da Virgem de Montserrat. O funicular chega até ao local onde começa o Rosário monumental, o conjunto escultórico ao ar livre mais importante do modernismo catalão.
Foi inaugurado em 1929, quando terminaram as obras dos monumentos do Rosário, e se consolidou a afluência de peregrinos à Santa Cova. Destruído durante o aguaceiro de junho de 2000, foi substituído pelo atual.
Estou descendo…
Em algum ponto da descida, o cruzamento com o teleférico que também leva à Basílica de Montserrat.
Cheguei! E já procuro direto a trilha que leva à Santa Cova.
A trilha tem muitas obras de arte religiosas, todas muito bem sinalizadas.
Esta próxima, por exemplo, é do arquiteto Josep Puig i Cadafalch, cujas várias obras já vi em Barcelona.
Uma sensação muito boa ver daqui de baixo os lugares altos.
Prestando atenção na trilha, nova obra de arte religiosa a frente.
É tudo tão interessante, fico dividido: não sei se olho a trilha ou os morros altos…
A sensação de paz e silêncio absoluto que tenho aqui é enorme. Só é prejudicado pelo barulho de meu coração, que bate forte vendo estas maravilhas da natureza.
Ah, embora eu tenha DESCIDO pelo funicular até esta trilha, é sempre bom lembrar que a descida foi a partir do plano em que está a Basílica de Montserrat. Ou seja, ainda estou em um lugar bem alto, dá até para ver os carros do teleférico subindo e descendo.
Outra obra de arte, o que me deixa muito feliz.
As obras de arte vão aparecendo uma após a outra, um privilégio andar por aqui.
O privilégio é ainda maior quando consideramos as obras de arte da natureza.
Aqui parece ter havido algum trabalho humano, hoje abandonado.
Lá na frente, bem no canto, parece algo ligado a alguma capela. Olhem a cruz.
É impressionante, desci bastante para chegar aqui e olha a altura em que ainda estou.
Não vou resistir a uma selfie. Ou duas.
Mais uma obra de arte, que na verdade – agora estou percebendo – representam o caminho de Cristo para a crucificação.
Ah, olha que máximo. Estou em um ponto que dá a ideia exata do quanto desci. Lá no alto a Basílica de Montserrat em que estive no início do passeio de hoje.
E também o funicular levando algumas pessoas de volta para lá.
Andando mais um pouco, encontro a cruz que vi há pouco, só que não ligada a uma capela, mas sim a outra obra de arte.
O céu azul está tão bonito aqui que vale mais uma foto com mais céu!
Nossa, que respeito ao turista e fiel que caminha por aqui. Veja esta paisagem:
Seria difícil entender exatamente o que é o que lá em cima, felizmente um grande quadro dá as coordenadas.
A próxima obra de arte me deixou bem impressionado pela beleza e realismo! Vejam a representação da ressurreição de Jesus.
Em frente à obra, há um banco para a calma observação do conjunto inteiro. Vou sentar para apreciar melhor!
O que estou vendo justifica todo o passeio! Uma combinação de uma obra muito realista e montanhas muito presentes. E imponentes!
Agora estou pronto para continuar a caminhada.
Não consigo descrever o que sinto quando olhos para lugares, é uma sensação que nunca havia tido antes.
Uma vista muito parecida com a de agora há pouco, mas aqui MUITO mais ampla!
Nossa!
Por falar em coisas boas, cheguei à Santa Cova! Que emoção!
Se em outras igrejas eu fotografei tudo que vi, aqui certamente também vale o registro total.
Que visita! Que calma! Que sensação! Preciso de um descanso aqui fora!
Pronto, hora de voltar e apreciar novamente todas aquelas montanhas e vistas deslumbrantes!
Nossa, que sensação!
Cheguei ao nível em que está a Basílica, felizmente com tempo para continuar passeando.
Via Crucis
Há umas escadarias e um belo jardim aqui, vou chegar perto.
Lindo!
Um mapa aqui provoca, dentre as várias trilhas apontadas uma está na sequência deste jardim, é só continuar subindo. E o nome Via Crucis estimula mais ainda a curiosidade.
Irresistível, vou em frente!
Só este trecho já valeu, ver a escada e jardins aqui de cima paga o esforço!
Só que a escada continua…
… a expectativa é grande!
Vamos subir!
Só que subo, subo e subo e a trilha nunca termina. Pergunto para alguém que está descendo se falta muito, a pessoa anima dizendo que poucos minutos. Só que subo, subo e subo, mas nada do fim.
Meu tempo está quase acabando, daqui a pouco é hora de voltar, ainda quero conhecer mais coisas ao lado da Basílica. Vou voltar, acredito que seja a melhor forma de aproveitar meu tempo.
Mató e as últimas imagens
Ainda bem que voltei, veja.
Do lado da Basílica as tradicionais barracas para turistas incluem lembrancinhas e comidas. E das comidas, uma é o tradicionalíssimo mató, um tipo de queijo fresco. Uma sobremesa bastante popular é o mel i mató, uma mistura deliciosa de queijo e mel – este da foto anterior :-).
Muito bom!
Melhor ainda é comer andando, apreciando a paisagem também exuberante daqui!
Até o terraço do restaurante existente aqui …
… é local para uma bela vista.
Por aqui também a Escalera Del Entendimiento.
Monumento do artista Ramón Llull , é uma composição de oito blocos retangulares de pedra representando pedra, fogo, vegetal, animal, homem, céu, anjo e Deus.
Que sensação boa rever o funicular de Sant Joan.
Hora de descer morro abaixo pela cremalheira.
Fim da viagem, só falta agora o trem para Barcelona.
Enquanto espero, descubro uma funcionalidade do Citymapper, os detalhes da viagem. Até as calorias queimadas são exibidas.
Uma última foto do inesquecível Pirineus…
…e vamos ao trem!