Depois de um dia inesquecível no Castelo de Versalhes, um dia mais calmo vem bem a calhar. Hoje é mais um feriado em Paris.
Como não faço a mínima ideia do motivo, já pesquiso o oráculo de nosso tempo, Google.
É a Festa da Vitória, comemoração da capitulação incondicional da Alemanha nazista e o consequente fim da Segunda Guerra Mundial. Interessante é ver na notícia acima o vai e vem do feriado: decretado em 1953, foi suprimido em 1959 por Charles de Gaulle, mantido por Giscard d’Estaing em 1975 e restabelecido por François Mitterrand em 1981.
Embora muitas lojas não acreditem no feriado – estão abertas – a cidade está indiscutivelmente mais calma, é então um bom dia para visitar lugares também mais tranquilos. Meu primeiro destino é o Parc Montsouris, um parque que vale a pena visitar conforme um texto que li em algum momento.
O parque fica relativamente perto, 19 minutos de caminhada, vou a pé!
Andar a pé é bom porque sempre aparece algo novo no caminho. Acabo de encontrar um parque menor, Jardin de Moulin de la Ponte, segundo o Google Maps.
Parece bonito, vou entrar.
Os avisos na entrada mostram duas curiosidades:
- Parque na França também tem carrapato (rs);
- Parque na França tem wi-fi.
E parque na França, até os pequenos, são muito bem cuidados.
Foi uma boa decisão aproveitar o feriado e ir a pé até o primeiro ponto planejado de hoje, o Parc Montsouris. O que há de lugares bonitos para ver, que eu não veria se fosse de metrô, justifica o exercício. Além do mais, gosto de exercícios :-).
Vejo uma escola de crianças em um prédio original…
… mais um parque muito pequeno, totalmente inesperado e bastante bonito…
…até ruas que valem uma foto. Ou duas!
Cheguei ao Parc Montsouris.
Depois de uma caminhada, é repousante sentar em um parque assim. Dá gosto!
Enquanto descanso, vejo no Google Maps que estou próximo à Cité Universitaire.
Acho que tenho algum tipo de fixação por escolas e universidades (rs), sempre quero conhecer. Vamos lá!
Uau, ainda bem que entrei. Estou me sentindo de volta ao Castelo de Versalhes.
O espaço livre aqui é enorme!
Interessante é que há as casas de vários países para os estudantes. Vila Los Hermanos.
Como a Cité Universitaire chamou minha atenção rápido demais, não tive tempo de ver direito o Parc Montsouris, vou voltar lá.
Que maravilha de parque, um verdadeiro oásis na cidade. Tem até teatro de marionetes.
Algo que chama muito a atenção aqui em Paris é a total integração do transporte público com o dia a dia das pessoas. Aqui no Parc Montsouris, por exemplo, a linha de metrô convive harmoniosamente com o verde.
Final do passeio no parque, uma última foto!
Em uma área verde como esta, natural que as ruas próximas esbanjem natureza.
Mesmo muitas delas sendo ruas privativas, não resisto e entro para dar uma olhada.
A próxima rua assim foi uma recomendação do TripAdvisor, lá está escrito que vale a visita: Rue Georges Braque.
Um pequeno paraíso verde, vejam que na ponta da rua aparece o Parc Montsouris.
Como hoje é um dia mais leve, até por conta do feriado por aqui, vou continuar passeando a pé até meu próximo destino, Église Notre Dame du Travail. Parece que é uma igreja diferente de todas que vi até agora, sua estrutura é toda em aço aparente. Vale uma visita.
Ao longo do caminho, as surpresas que justificam a caminhada. Primeiro, um lugar em que morou Lenin…
… depois os ônibus todos com bandeira da França, comemorando o feriado de hoje…
…na sequência dos pontos que merecem uma visita, a Place de Séoul, que fica no 14 arrondissement…
… para finalmente chegar à Église de Notre Dame du Travail.
Estes bancos estão bem próximos à igreja…
…já esta fonte está bem na frente.
Vamos entrar.
Realmente, é uma igreja bem diferente! Em quase tudo aqui prevalem as estruturas metálicas. Veja só este canto ao lado do altar principal.
Bem, há algo em que a igreja é parecida com as outras que vi até agora: o belo órgão acima da porta entrada.
Um fato curioso é que durante este tempo todo em que estou na igreja, não via uma pessoa sequer. Só eu estou aqui. Está tudo tão silencioso que consigo escutar meus passos.
Bom, hora de ir embora. A tranquilidade dentro da igreja também está presente no jardim fora.
Pois bem, esta paz acabou. Não dá para ver na foto da direita, mas lá atrás destes arbustos há um grupo de rapazes. Pois então, um deles atirou uma pedra enorme, quase do tamanho de um paralelepípedo, em minha direção. Levei o maior susto, ao mesmo tempo ouvindo um deles gritar:
– Pas de photo! Pas de photo!
Certamente estavam fazendo algo de errado, não queriam ser fotografados. Ainda assustado, viro o corpo já procurando a esquina mais próxima para sair daqui quando uma moto se aproxima com dois rapazes. Um deles pergunta:
– Por quoi des photos?
Explico que é por causa do jardim e já vou saindo devagar o suficiente para não chamar a atenção, mas ao mesmo tempo depressa porque quero sair daqui o mais rápido possível. Claro, não há ninguém por aqui, como vou pedir ajuda se precisar?
Ainda bem que na quadra seguinte já havia lojas abertas, foi um alívio. Foi a primeira vez que senti medo aqui em Paris, tomara que tenha sido a última.
Pelo menos a rua é bonita, volto à beleza que tem me encantado até agora. É uma rua aparentemente dedicada às crianças, olha só o nome da loja.
Parece mesmo que as crianças têm preferência por aqui, olhe só a placa de sinalização.
Eu achava que houvesse apenas uma Galeries Lafayette em Paris, mas outro dia passando de ônibus por aqui vi mais esta aí da foto abaixo.
É por isso que estou aqui agora, quis ver como é esta galeria e se ela tem relação com a outra mais tradicional perto da Opéra Garnier.
Ainda não entrei, mas a loja fica no mesmo conjunto de um dos pontos turísticos mais procurados em Paris, a Tour Montparnasse, uma torre com 210 metros de altura.
Já vi muitos lugares altos aqui, não vou subir nesta torre. Além do mais, um dia não está muito claro, seria um desperdício. Vou sim subir no terraço da Galeries Lafayette.
Ah, essa vista sim vale a pena. Que bom que subi aqui. Vou entrar no conjunto comercial agora.
Tem até loja da Timberland, se soubesse nem teria comprado um tênis impermeável deles LÁ no Brasil para andar em dias de chuva AQUI em Paris. Vivendo e aprendendo!
É uma bonita galeria, muito parecida com um pequeno shopping. Mesmo a Galeries Lafayette aqui nem é tão grande, não chega nem aos pés da loja mais conhecida. Então, já que é assim, hora de ir embora.
Consulto o TripAdvisor e vejo que estou bem perto das famosas Catacumbas de Paris. Será que há muito gente lá?
Não tem jeito, Paris é Paris, sempre tem gente em todos os lugares. Em qualquer hora! Bom, o passeio parece bom, vou enfrentar a fila.
A caminhada começa bem, o mapa na entrada mostra todo o caminho a ser percorrido no SUBTERRÂNEO das ruas, começando na Place Denfert Rochereau.
Pode parecer meio bobo, mas estou entusiasmado. É o segundo passeio que faço nas cavernas de Paris, a primeira foi outro dia nos esgotos da cidade, a outra será agora. Estou na maior expectativa :-).
A entrada das catacumbas já impressiona bastante! Mal sabia eu o que vinha pela frente!
Veja que impressionante a disposição dos ossos, empilhados de forma a ganhar espaço. Os maiores, mais longos, eram cuidadosamente separados e empilhados um a um, de forma a construir uma pilha estável e quase sem espaço entre eles.
Osso longos, como fêmur e tíbia, foram colocados à frente, formando verdadeiras paredes de ossos, adornadas com os crânios em desenhos geométricos. Por trás destas paredes de ossos, foram depositados os ossos menores e mais irregulares.
Não é à toa que os turistas ficam impressionados!
Estas catacumbas ocupam uma pequena parte de um complexo sistema de túneis e cavernas existentes no subsolo de Paris, criados para exploração de pedreiras durante a ocupação romana. O ossuário, que ocupa apenas uma parte muito pequena destes túneis, começou a ser organizado a partir de 1785.
Segundo uma explicação que encontrei na Wikipedia…
Na metade do século XVIII, a maior parte das igrejas de Paris possuía seu cemitério. Entretanto, o crescimento da cidade acumulou gerações e mais gerações de despojos funerários para os quais os cemitérios não ofereciam mais espaço.
Em 1780, o cemitério “des Saints-Innocents”, o mais importante da cidade, foi fechado, por demanda da população. A lotação do cemitério era tal que a população vizinha estava adoecendo devido à contaminação provocada pelo excesso de matéria orgânica em decomposição.
A ideia de usar os túneis abandonados das pedreiras parisienses é creditada ao chefe de Polícia, General Alexandre Lenoir, e levada à cabo por ordem de seu sucessor, o Sr. Thiroux de Crosne.
É mesmo tudo muito impressionante. Olha só a estrutura do local.
Bom, valeu a visita. Vou voltar à superfície.
Dá para imaginar que embaixo desta rua estão as catacumbas? Eu, hein?!?
Fiz até questão de procurar no Google Maps o trecho em que estive no subsolo.
O passeio começou lá no alto do mapa, Denfert-Rochereau, e terminou na posição em que estou agora, o pontinho azul. Parece pequeno na foto, mas foi uma experiência e tanto!
Nada melhor do que então encerrar o passeio do dia com o tradicional mapa de pontos visitados.
Gostei muito daquela igreja, muito bonita é diferente. Pena que aconteceu algo tão desagradável….
As catacumbas são muito interessantes…. Quem sabe um dia vou vê-las ao vivo e a cores….
Ci, nunca podia imaginar que iria fotografar uma molecada usando drogas. Foi um sufoco, mas saí rapidinho e deu tudo certo. 🙂