Folha símbolo do Canadá representada em um jardim do High Park
Ainda no Brasil, li algo sobre uma Really Really Free Market. Fiquei curioso, a feira acontece no Campbell Park, dá até para ir a pé. Melhor, fica também relativamente próximo ao High Park, aproveito e visito também.
É um bom planejamento para começar o dia.
Campbell Park
Andar a pé em uma cidade desconhecida é sempre uma boa alternativa. Um pequeno jardim em uma esquina merece ser visto.
Só então me dou conta que é o jardim da igreja ao lado.
Virando a esquina, passo pela escola ligada à igreja. O bom gosto da obra na parede merece registro.
Uma frase em uma loja desperta minha curiosidade: “Make your wine here“.
Como assim, faça seu próprio vinho aqui? Vou entrar!
Puxa, é isso mesmo. As pessoas plantam suas uvas – vi a Aline em Montreal, a dona da casa em que fiquei hospedado, fazer isso – encontram aqui tudo o que é necessário para transformar uvas em vinho.
Cada povo tem suas tradições!
Falando em tradição, já vi várias lojas mostrarem que estão torcendo para os Raptors.
O Toronto Raptors é um time de basquete de Toronto. Fundando em 1995 junto com o Vancouver Grizzlies como parte da expansão da NBA para o Canadá, o time disputa a National Basketball Association. O jogo é amanhã, domingo, às 20h.
Deve ser emocionante! Detalhe, o nome Raptors foi escolhido por conta do sucesso do filme Jurassic Park na época.
Será que ainda dá tempo de comprar ingresso? Entrei no site do revendedor oficial, Ticket Master.
Incrível, ingressos custando mais do que 1.200 dólares canadenses. Mas nem preciso pensar se compraria ou não, em todas as seções do estádio aparece a mensagem “No Seats Available“.
É uma máquina de fazer dinheiro!
Melhor continuar aproveitando a caminhada. Toronto tem muitos edifícios enormes e bonitos no centro da cidade, aqui em um bairro mais afastado há também grandes edifícios.
Certamente este não é bonito, mas acho interessante alguns apartamentos terem cores diferentes. Pelo jeito, aleatoriamente. Achei interessante!
Estou chegando ao Campbell Park, local da Really Really Free Market. É uma feira em que as pessoas doam aquilo que não usam mais e outras levam o que precisam. Sem nada pagar. É realmente, realmente grátis. Acontece no primeiro sábado de cada mês.
Estou me dando conta que este parece ser um costume local, já que nem cheguei à feira e vejo casas oferecendo produtos usados. Também gratuitamente, é pegar e levar!
Agora sim cheguei à feira!
Há produtos tanto dentro de um imóvel …
… quanto em frente, na calçada.
Repito a frase, cada povo tem sua tradição! E esta é realmente, realmente muito boa!
O coração fica até mais leve em lugares assim. Se não bastasse, algumas casas da região – singelas – parecem contribuir para esta leveza.
Junction Triangle
Este bairro da feira gratuita é o Junction Triangle, uma região que se caracteriza não só por este espírito de ajuda aos outros, mas também pela criatividade de seus moradores e trabalhadores.
Este prédio comercial, por exemplo…
…é resultado da transformação de um antigo imóvel em uma moderno conjunto comercial.
Faço questão de entrar!
Vejam os vários escritórios.
Vou subir!
Vejam, aqui funciona a Ubisoft, empresa de games. Local de gente criativa!
Já de volta na rua, percebo vários exemplos de criatividade…
… além de muitas outras casas oferecendo seus produtos usados. Sempre gratuitamente!
Isso que é saber viver em sociedade!
Mesmo prédios simples transmitem uma boa sensação.
Acho que eu é que estou contaminado com a região (rs).
Enquanto caminho, escuto alguém falando “Então você passa aqui mais tarde”? Pois é, alguém falando em português no celular. E com um forte sotaque mineiro. Espero a conversa acabar e confirmo, o rapaz é mineiro mesmo. E disse que há muitos brasileiros em Toronto.
Vejo uma espécie de ponte lá na frente, sou curioso e estou chegando perto.
É uma ponte para pedestres, liga a Wallace Avenue – de onde eu vim – à Dundas Street West. Ao contrário da maioria das pontes, perpendiculares, esta é obliqua. Está tudo escrito nesta placa.
Vou subir.
A vista é boa, descubro até que há um caminho embaixo frequentado por ciclistas, corredores e pedestres.
Mais um exemplo do espírito solidário da cidade. está acontecendo aqui o Buzz on the bridge, algo como bagunça na ponte.
São adultos brincando com crianças.
Não falo que o povo aqui é especial? Em um dos extremos da ponte, o centro da cidade bem distante!
Aqui é muito comum as pessoas fazerem referência ao que está no norte, sul, leste e oeste. Então, vou melhorar a frase anterior, a cidade ao longe aparece no extremo LESTE da ponte!
Vou andar por aquele caminho que acabei de ver em cima da ponte.
Este caminho fica ao lado da linha de trem que vai para o subúrbio ou cidades próximas.
Aproveito para carregar o Presto, meu cartão de transporte público. Já usei mais da metade dos créditos, não quero ser pego desprevenido em uma próxima viagem de trem ou ônibus.
Depois de um tempo, resolvo ir pelas ruas tradicionais, é mais movimentado.
Esta rua que passou, Perth Avenue, me fez lembrar a visita à Perth, Austrália, no ano passado.
Cheguei ao Museum of Contemporary Art Toronto.
Pode até ser interessante, mas prefiro apreciar só o térreo.
Na rua do museu, uma fábrica da Nestlé.
Cheguei novamente àquele caminho ao lado da linha ferroviária. Descubro seu nome, West Toronto Railpath, e vejo que aqui é uma de suas extremidades.
Atravessando a ponte sobre a ferrovia, recordo o museu e a fábrica que acabei de ver.
Roncesvalles Village
O bairro já mudou, Roncesvalles Village. Não sei se é impressão minha – acho que não – mas parece que mudou também o estilo das casas.
Lembrei de algo, até agora não vi aquelas casas típicas de Montreal com uma grande escada à frente. O máximo é o que estou vendo agora, alguns poucos degraus.
Roncesvalles Village é conhecida por seu comércio criativo e agitado. De lojinhas diferentes a restaurantes especiais, é tudo muito estimulante por aqui.
Por exemplo, estou entrando agora em uma livraria, A Good Read.
É especializada em livros e HQs antigos, Capitão Kirk e Senhor Spock confirmam!
Estou com fome, vejo um café badalado e entro. Tudo muito charmoso, mas caro!
Lembro que lá fora vi muita gente sentada na calçada comendo sanduíches embalados em papel alumínio. Será que há algum lugar especial por aqui? Vou procurar!
Encontrei, Gold Standard.
É uma janelinha, você chega e pede seu sanduíche. Eles perguntam seu nome e aguardamos a chamada. Há muita gente aqui espalhada esperando. Uma placa diz que o Gold Standard acabou de mudar para este novo endereço.
Olha, vou falar, é um sanduíche bem caro, 6 dólares canadenses. Pequeno, nada mais do que bacon, ovos mexidos, mas com um tempero muito especial. Acho que é o melhor que experimentei no Canadá até agora. Valeu cada dólar gasto.
Enquanto como, continuo apreciando a Roncesvalles Avenue.
High Park
Entro à esquerda na Howard Park Av rumo a meu próximo destino, High Park. Há uma estação de bondes elétricos lá, um deles dá a certeza que estou chegando.
Cheguei!
Está parecendo um parque bem tranquilo, até vazio demais.
Engano meu, cheguei ao Jamie Bell Adventure Playground.
Um local que a criançada adora, há muitas crianças aqui. E, acreditem, muitas mães falando … português. Este parece ser um local apreciado pelos brasileiros.
Tem até uma espada do Rei Arthur.
Vou entrar no clima!
Como ainda não sei direito o que ver por aqui, fotografo um mapa.
Enquanto aproveito meu sorvete, vejo um cachorrinho – um lhasa apso, mesma raça da minha Victória – com falta de ar. É o que os veterinários chamam de espirro invertido, parece que o cachorro vai morrer com falta de ar.
Sei o que fazer nestas situações, eu me aproximo e pergunto se posso ajudar. Sem nem mesmo esperar uma resposta, já vou tampando o focinho do cachorro forçando a respiração pela boca. Resolveu quase que imediatamente, resolve também com a Victória.
Detalhe importante, a família do cachorro é … brasileira! Não falei que este parque parece um ponto de encontro nosso?
Cachorro socorrido, sorvete quase chegando ao fim, vou andando.
Há um pequeno zoológico aqui!
Nem é na verdade um zoológico propriamente dito, há apenas alguns animais ao longo do caminho.
Acho que os bichinhos são bem tratados, estou em um ponto em que as pessoas compram comida vendida pelos funcionários do zoológico para as crianças alimentarem os animais.
A Jet fica ansiosa para seu almoço.
Há vários animais, mas não passa de umas duas a três quadras.
Vou para um outro lado.
Sei que há cerejeiras – cherry blossoms em inglês – na primavera, procuro na internet o lugar em que elas estão no parque.
Indo na direção apontada pelo Google Maps, dou de frente para um ponto que eu sabia que existia por aqui. E queria ver muito, a grande maple leaf em forma de jardim.
É um local que todo mundo quer aparecer. Eu inclusive! 🙂
Vou chegar mais perto.
Ficam por aqui as cerejeiras, mas o tempo mais bonito delas é no início da primavera. Já passou! Tudo bem, estou gostando assim mesmo!
Estes três que insistem em ficar perto da cerejeira são … brasileiros. Mais alguns para provar que o High Park é o parque dos brasileiros (rs).
A placa explica que estas são cerejeiras japonesas, Fugenzo blossons.
Elas são tão sensíveis que no auge de suas flores nenhum tipo de carro é permitido no parque, dia e noite. Já comentei que passou este momento, então já vi carros aqui dentro.
Nem posso imaginar como seriam ainda mais belas estas cerejeiras, estou achando muito bonitas as que vejo agora.
Observando as cerejeiras, acabo descobrindo também o Grenadier Pond, um grande lago.
Vou para as margens.
Dá para imaginar este lago todo congelado no inverno? Pois é o que acontece, é incrível. Mas as placas advertem, algumas regiões – mostradas em vermelho – têm o gelo mais fino e não são seguras.
Há uma plataforma de observação em que o lago parece ficar ainda mais bonito!
Saindo da plataforma, uma cerejeira parece muito mais bonita do que as outras. As cores estão mais vivas, deve ser uma mais resistente.
Muito, muito viva!
Achei mais um mapa, este do jeito que eu gosto. É um personalizado no Google Maps, funciona com GPS e mostra os principais pontos do parque.
Embora eu já tenha visto provavelmente as principais atrações, vou atrás das restantes. Até porque se não achar algum outro ponto de destaque, o próprio parque continua se destacando.
Estas me parecem cerejeiras sendo preparadas para a próxima florada. Dentro de meu desconhecimento do assunto, acho que será só na próxima primavera.
Fico curioso com esta placa…
… e pesquiso o significado. Gypsy moth é um inseto originário da Europa e Asia cujas larvas se alimentam de folhas e enfraquecem as árvoes. Os insetos foram trazidos para cá e estão programadas vaporizações para eliminação da praga.
Muito bom, mostra que o parque é mesmo muito bem cuidado.
Isso explica a beleza de tudo o que vejo no caminho.
Aquele mapa estilizado que achei indica um jardim de esculturas, é o que estava procurando até agora. Nada de destaque, valeu apenas pela oportunidade de andar pelo parque.
Aqui fica o High Park Nature Centre.
Mais uma escultura. Procuro o significado, mas não vejo qualquer explicação.
Bem, eu não entendo, mas está passarinho encontrou uma utilidade para ela, está construindo seu ninho.
O parque tem uma área fechada para cachorros ficarem sem suas coleiras.
É uma área bem grande, dá para os bichinhos queimarem todas as calorias dos petiscos que comem.
Continuo andando e apreciando o parque.
Esta é a Colborne Lodge, um tipo de alojamento.
Os 165 acras do High Park eram originalmente propriedade da família Howard, eles construíram muita coisa aqui, inclusive alojamentos – lodges – como este. Este que estamos vendo foi erguido em 1837 e hoje funciona como museu.
Pronto! Mesmo muito grande, acabei conseguindo ver o parque como um todo.
Humber Bay Arch Bridge
O bom de fazer um roteiro para o dia é aproveitar a proximidade dos locais a visitar. Na saída do parque, um ponto oposto ao que entrei, fica o Lake Ontario. O Humber River desemboca no lado, existe um ponte exclusiva para pedestres sobre esta desembocadura, é para lá que estou indo.
Chegar na beira do Lake Ontario é sempre uma alegria.
A placa mostra o nomo do caminho, Discovery Walk.
Há muito disso aqui em Toronto, caminhos com nomes. Este, por exemplo, é prioritário para os ciclistas, embora pedestres possam usá-lo também.
Direita ou esquerda? Tudo muito convidativo!
O Google Maps indica direita para a Humber Bay Arch Bridge.
A vista compensa tudo!
Estou em uma passarela bem à beira do lago, esta é apenas para pedestres.
Cheguei na Humber Bay Arch Bridge. É mesmo digna de uma visita.
Não há como não gostar!
Construída em 1994, esta ponte já ganhou vários prêmios. Está na posição 14 em uma lista das 15 mais bonitas do mundo.
Sheldon Lookout
Há muitos pontos de observação às margens do Lake Ontario, o Sheldon Lookout é um deles. Fica imediatamente depois da Humber Bay Arch Bridge.
Sempre que há pontos assim, eu faço questão de entrar. Geralmente as vistas são mesmo muito boas.
Não falei? Vou sentar um pouco nestas cadeiras – já experimentei outras do tipo, são muito confortáveis – e apreciar o que vejo.
O cachorrinho já cansou de ver (rs).
Daqui, a Humber Bay Arch Bridge continua fazendo sucesso!
Demorei para ter coragem – às vezes é difícil entender o sistema – mas vou usar uma bicicleta do sistema público de empréstimo da cidade.
Após alguns desencontros, até liguei para o serviço de atendimento ao cliente, consegui baixar um aplicativo e destravar uma bicicleta.
Agora vou agilizar a visita aos últimos pontos às margens do Lake Ontario.
Sunnyside Pavilion Cafe
Aqui era antigamente um banho público, foi restaurado e agora funciona um café estiloso e uma piscina pública.
Ainda está frio, a piscina funciona entre junho e setembro. Pouco tempo, não?!?!
O Lake Ontario continua espreitando, sempre pronto para estender seus limites.
Li que o lago atingiu seu nível mais alto há alguns dias.
Enquanto a água não chega (rs), vou aproveitando para passear.
É realmente um lugar muito agradável.
Budapeste Park
Minha próxima vista é um parque, Budapeste Park. Estou de bicicleta, chego rapidamente
Está acontecendo uma festa húngara, preciso participar. Entrego a bicicleta em uma estação próxima e vou passear.
A comida é sempre um atrativo. Sem entender muito bem o nome dos pratos, estão em húngaro.
Mesmo assim, pela descrição em inglês, escolho um. Esta senhora húngara – acredito – está preparando!
É uma espécie de hambúrguer, mas enorme, algo como três Big Macs.
Vou comendo e andando.
A placa adverte, Swim at Own Risk.
Estou na Sunnyside Beach, não há salva-vidas, a placa informa que o nado é por sua conta e risco.
Não consigo terminar o sanduíche, é muito grande. Levo parte para casa.
No caminho do ônibus e metrô, uma moradora daqui pede minha ajuda. Pode isso, eu – um brasileiro – ajudando alguém da cidade a encontrar o caminho certo? Pode, o Google Maps é muito útil.
Entrei no street car, a mocinha também. Vamos para um mesmo sentido!
Agora em casa vou terminar meu sanduíche!
Até a próxima!
Ufa!Cansei,vc anda muito!!!Bj
Muitas vezes lembro de você quando ando por aqui, fico pensando se você iria achar meus dias muito … cheios. Acertei (rs).