Maio, 10 (25/28) – Plataforma 17, a melhor currywurst da cidade e ainda os pontos mais famosos de street art em Berlim

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Hoje farei um passeio alternativo, quero ver os principais pontos de street art de Berlim. Assim, enquanto tento descobrir os pontos em que elas estão, conheço mais um pouco da cidade.

Mas para não ficar só nas pinturas, também programei outras visitas também. A primeira é a plataforma 17 da estação Grunewald. Ali os nazistas assassinaram muita gente, hoje há um memorial para que todos se lembrem e a história nunca mais se repita.

Enquanto espero o ônibus para chegar até o local, presto atenção no que acontece ao redor. Por exemplo, os carteiros aqui também andam de bicicleta. Que novidade!

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O bairro de Grunewald fica no distrito de Charlottenburg-Wilmersdorf, a região tem belíssimas casas e ruas.

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Cheguei na estação.

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Difícil imaginar que em um lugar tão tranquilo assim, milhares de pessoas embarcaram para a morte. Detalhando um pouco mais a história, foi aqui que mais de 17.000 judeus partiram para os campos de extermínio em Auschwitz.

Dá até um arrepio entrar.

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A estação continua quase igual ao que era naquela época, a diferença é que a plataforma 17 não funciona mais, virou um memorial. Vamos lá!

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Ao lado dos trilhos cada vez mais cercado por mato, há várias placas de ferro correspondentes aos assassinatos.

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Voltando à estação em funcionamento, o corredor que leva às plataformas é mesmo assustador. Até hoje!

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A estação, no entanto, segue bem tranquila.

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Enquanto estava vindo para cá, notei uma praça com duas casas que me pareceram muito bonitas. Preciso ir lá ver.

Nesta caminhada a pé de menos de 15 minutos, o Google Maps indica uma espécie de um lago. Pesquiso na Wikipedia, é mesmo, tem  25.000 m² de área. Vou desviar só um pouco o caminho.

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Até o desvio é inspirador, parece até que estou em uma floresta.

E o lago então, valeu esta parada inesperada.

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É um paraíso! E vim para cá de ônibus, pouco mais de 40 minutos. Que privilégio para quem mora em Berlim.

Olha a casa que falei! Uma casa não, duas.

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Foi muito bom ter voltado para ver.

Estou notando também que Grunewald tem muitas cantinas, parece ser característico da região. Já vi várias como esta aqui, a Bosco Verde.

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Tem presunto a parmegiana, se traduzi direito.

Fiquei com fome! Vou então conhecer um dos pontos mais famosos de currywurst daqui. Fica até em um lugar em que já estive outro dia, é na intersecção de três ruas importantes – Schönhauser Allee, Danziger Straße e Eberswalder Straße – que recebeu o nome de Ecke SchönhauserEcke pode ser traduzido como esquina.

Pois é justamente nesta esquina que fica o Konnopke’s Imbiss. Já que traduzi uma palavra acima, traduzo também Imbiss, é lanche.

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Mesmo com fila, o que eu já esperava, adorei o lugar. Funcionários sorridentes – o que é meio raro por aqui – e a melhor currywurst que comi até agora. Tem mais, acho difícil outra superar, esta aqui está excelente! Ah, e tem lugar para sentar, outra coisa rara nos lugares famosos de currywurst.

Mais ou menos próximo daqui há uma rua que quero conhecer. O nome? Olga-Benario-Prestes-Strasse. Este nome é muito conhecido no Brasil, vou fazer um resumo rápido para quem não se lembra.

Olga Benário Prestes nasceu em Munique, 1908. Foi militante comunista de origem judaica, aos 15 anos já pertencia à organização juvenil do Partido Comunista Alemão. Depois de conflitos de rua contra milícias de extrema-direita no bairro de Kreuzberg, foi presa com o marido. Pouco tempo depois foi solta, mas sem o marido. Com colegas de militância, assaltou a prisão e o libertou. Fugiram para a União Soviética onde recebeu treinamento político-militar, lá também terminou seu casamento.

Olga foi enviada ao Brasil para apoiar o Partido Comunista Brasileiro, junto de Luís Carlos Prestes, que se tornou depois seu companheiro. Depois de vários episódios de insurreição no governo Vargas, inclusive um que ficou conhecido como Intentona Comunista, Olga Prestes viveram um tempo na clandestinidade até serem presos  em 1936. Foi depois deportada para a Alemanha nazista e executada em 1942 com 34 anos de idade em câmara de gás com mais 199 prisioneiras.

Nossa, que história. Mais que merecido o nome de rua. No alto há uma placa menor dizendo que Olga foi anti-fascista e que faleceu na primavera de 1942.

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A rua fica bem em frente ao Ernst-Thaelmann Park, que já mostrei em outro post. Ernst foi político alemão membro do Partido Comunista da Alemanha que também morreu em campo de concentração.

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Olga-Benario-Prestes-Strasse é uma rua diferente, olha só a entrada dela, é uma espécie de túnel.

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Tudo muito arborizado, é um silêncio incrível. Só ouço os passarinhos.

Lá no fundo da rua há um outro túnel, mas parece vai para dentro de um prédio. A rua da Olga tem apenas uma quadra. Vou entrar neste novo túnel.

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Acho meio estranho, o que será aqui? O Google Maps esclarece, é uma escola. Ahhh…

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Bom, está na hora de começar o passeio pelas street arts. Mas antes, vamos a mais um pouco de blá-blá-blá (rs).

Fui pesquisar porque Berlim tem tantas pinturas de rua. Tudo começou em 1961, com a construção do Muro, que provocou também uma separação de comunicação. O que os berlinenses fizeram? Desafogaram suas mágoas – legítimas, muito legítimas – justamente no Muro. Foi uma forma dos habitantes de Berlim reagirem de algum jeito.

Durante a Guerra Fria, o lado oeste do Muro estava completamente coberto por pinturas, enquanto o leste estava vazio, já que a população não podia chegar perto. Nos idos dos anos 90, quando o Muro começou a cair, a parte leste começou também a receber pinturas. As pinturas ocidentais então eram bem diferentes das orientais, feitas em épocas e em circunstâncias distintas.

Hoje, para terminar esta introdução teórica do post, as ruas de Berlim mostram algumas das melhores street arts do mundo. Artistas famosos de todos os cantos vieram aqui criar suas obras. Vamos então começar a ver as obras.

Este mural é do JR, que eu não fazia a mínima ideia de quem era até ler o artigo Berlin’s Top 5 Graffiti and Street Art Murals. O artista francês nascido em 1983 gosta de retratar pessoas mais velhas.

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Esta pintura fica na esquina da Prenzlauer Berg com Saarbrücker Strasse. E esta mesma esquina deve ter vocação para artes, até na frente do posto de gasolina há um porte artístico.

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Minha ideia de buscar estas pinturas de rua e também encontrar outros pontos interessantes  da cidade está dando certo. Ainda nesta mesma esquina há um prédio todo moderno, vou entrar para ver.

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Procurando a entrada, achei um outro ângulo para fotografar o mural do JR, sem que o sol atrapalhe tanto. Sem contar que a própria entrada é também uma obra de arte.

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Acredite, aqui nada mais é do que um conjunto de escritórios comerciais. Que conjunto, hein?!?

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De fato, é mais um dos inúmeros hofs de Berlim.

A próxima obra é o Cosmonaut, do português Victor Ash, nascido em 1968. Estamos na MariannenstrasseKreuzberg, vendo um mural de 22x14m que é considerado um dos maiores desenhos a lápis (!) do mundo. Desenho a lápis? Nossa.

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Parece que o Cosmonaut está observando os moradores de Kreuzberg.

Aqui bem próximo, na Görlitzer Strasse, quase esquina com a estação Görlitzer, um mural do belga ROA.

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ROA é conhecido por pintar animais urbanos ou selvagens nativos do país ou região em que a pintura está.

Já estive algumas vezes nesta região, tanto que em uma delas entrei nesta igreja, Evangelische Kirchengemeinde Emmaus-Ölberg.

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É uma que tem um café bem ao lado, para ajudar em sua manutenção. Está em um dos posts passados.

Se a igreja é um ponto já visto, os prédios da região ainda não haviam chamado minha atenção. Agora chamam!

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Este segundo prédio fotografado está bem artístico, vou chegar mais perto.

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Percebo que aqui moram muitas pessoas de outros países, principalmente latinos. Certamente deve explicar o nome que aparece na placa, Ciudad Escondida.

A região tem pinturas belas, tem também prédios belos e imponentes.

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Até as árvores nas ruas fazem seu espetáculo.

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Elas parecem se curvar para proteger quem está embaixo. É, acho que estou ficando poético, entrando no clima do bairro.

Por falar em clima, aqui está repleto de bares e pequenos restaurantes.

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Até sebo tem.

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Este sim pode ser chamado verdadeiramente de sebo, é um monte de livros todos entulhados.

Esta próxima street art não está relacionada no artigo que li, assim mesmo merece uma foto. Mas não sei dizer o autor ou qualquer outra característica da obra. Só sei que gostei. E por isso fotografo.

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Ah, estava na hora de aparecer o Brasil neste passeio. Esta street art é dos famosos Os Gêmeos, bem no Schlesisches Tor, esquina com Oppelner Strasse.

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Os gêmeos OtavioGustavo Pandolfo, nascidos em 1974,  são mundialmente conhecidos por suas instalações e murais representando personagens amarelas desproporcionais estranhamente vestidos. Seus primeiros trabalhos começaram a ser reconhecidos quando tinham 12 anos de idade.

Esta região é pródiga em beleza de seus prédios, seja por sua arquitetura…

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… seja por sua pintura.

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É tudo muito … Berlim!

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Ah, cheguei em uma das street arts que mais me impressionou. Nem foi no artigo que se propunha a mostrar as cinco melhores obras da cidade, foi em outro específico sobre esta aqui.

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Muito bom eu não ter ficado só em um artigo, senão eu perderia esta aqui, que é muito impressionante. Este mural é o Pink Man, pintado pelo italiano BLU, fica na lateral de um edifício em Kreuzberg em um dos lados da Oberbaumbrücke.

BLU gosta de pintar enormes figuras humanas, geralmente cheias de detalhes,  lembrando personagens de história em quadrinhos.

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Este mural mostra uma criatura enorme, sem olhos, formada de pequenos seres cor-de-rosa que parecem assustados, sofrendo, procurando se agarrar uns aos outros. A criatura está levando à sua boca o único ser de cor diferente, branco.

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Segundo o texto que li, e faz todo sentido, essa pintura de BLU leva aos regimes totalitários, como o nazismo, onde todos agem da mesma forma, criando um monstro sem visão que aniquila aquele que é diferente, que acaba com a individualidade.

Pois é! E a região em que estou não é exatamente nova, estou bem na parte inferior da Oberbaumbrücke. A ponte que fotografei ontem em vários detalhes, um deles estes sapatos pendurados.

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Ontem eu não sabia desta obra do BLU, só fui ler o artigo no final do dia. Como ela fica meio tampada pela ponte, não percebi. Que bom, eu consegui voltar para conferir.

Andando na região, uma bela visão da ponte..

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… e das obras modernas ao longo do Rio Spree.

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Na procura da próxima street art, pego o metrô e chego em uma praça enorme. A sensação de espaço e leveza também é enorme.

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Estou agora na Heinrich-Heine-Straße, quase esquina com a Annenstraße. É mais uma obra que não estava nos artigos que li e que merecem o registro.

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Gostei muito das obras até agora, desta em particular gostei muito.

Também é muito bom estar na Heinrich-Heine-Straße, agora esquina com a Sebastianstraße. Aqui também passava o Muro.

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Aqui era um ponto de passagem para os cidadãos da República Federal da Alemanha. A placa indica que em 18 de abril de 1962 Klaus Brueske tentou atravessar a barreira com um carro. Embora tenha sido alvejado pelos soldados, ele e mais dois passageiros conseguiram, apesar de terem ficado bastante feridos. Klaus não suportou e morreu.

Esta história do Muro não deixa de impressionar. Olhando para o alto, aqui ela também está me acompanhando…

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Minha lista de murais já havia acabado, mas sempre aparece um pela frente.

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Ou outro.

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Tudo ainda na mesma rua, Heinrich-Heine-Straße. Esta última das mãos é muito realista.

Nem vou dizer ainda o que estou procurando na região, por enquanto vamos só olhar os prédios. Alguns têm até certa semelhança com os palácios, se considerarmos os detalhes de suas fachadas.

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Cheguei ao local que procurava, a Embaixada do Brasil. Em todas as viagens que fiz até agora eu a procuro, tinha que manter a tradição também em Berlim.

A rua é bem tranquila, às margens do Rio Spree.

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A posição da embaixada é bem privilegiada, está acompanhada de um dos mais belos prédios da região, o Märkisches Museum.

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Bom, chega por hoje. Ainda bem que estou relativamente perto de casa, o Google Maps indica 29 minutos.

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Terei que pegar duas linhas de metrô, U2 e U6, mas tudo bem! Até porque tenho a chance de conhecer estações muito bonitas, esta particularmente é muito caprichada, Spittelmarkt.

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O corredor de passagem da linha U2 para a U6 também é muito bonito. Nem lembra aquele do início do post de hoje, quando entrei na plataforma 17 da estação Grunewald.

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Até amanhã.

Pontos visitados hoje MapaMaio10Menor

Pontos visitados na viagem inteira na mesma região de hojeMapaMaio10Maior

2 pensou em “Maio, 10 (25/28) – Plataforma 17, a melhor currywurst da cidade e ainda os pontos mais famosos de street art em Berlim

    1. Oi, Noemi. Puxa que bom ler seu comentário no blog. É muito bom vê-la viajando comigo. Um abraço grande!

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